Um espírito anarquista
Reflexão sobre como espiritualidade e anarquismo podem coexistir. Gabriel Ribeiro defende que a espiritualidade pode auxiliar a luta social e pessoal sem comprometer a autonomia política.
Gabriel Ribeiro
9/9/20242 min read
A espiritualidade não quer saber (necessariamente) de sua ideologia. Quando você se conecta com ela diz respeito a você mesmo, ela aponta verdades que só o seu corpo compreenderá. Eu enquanto anarquista nada temo de outros anarquistas quanto a minha prática espiritual. Sabe por quê? A relação ou conexão que concebo com as energias espirituais, nada interferem na construção de meu intelecto. Não será entidade x ou y que decidirá o meu campo de ação, sobretudo o da esfera sociopolítico.
Se quero participar de um evento cujo seu objetivo seja o de melhorar as condições dos trabalhadores, será pela via das articulações, afetos, engajamentos, encontros, que eu vou me debruçar enérgica e conscientemente para atuar. Só que é o seguinte, para esta prática, digamos "materialista", posso recorrer aos meus espíritos, para me auxiliar em questões que a minha razão humana não consegue manifestar. Por isso que um oráculo pode ser uma ferramenta potente para que um consulente trabalhe aspectos de seu inconsciente pelos quais atormentam aquele corpo.
Falo a grosso modo de uma noção de espiritualidade que liberta a existência daquele indivíduo que a cultua. Antes de mais nada, afirmo: essa minha colocação não se trata de proselitismo algum e nada tem a ver com religião. E se sou anarquista, você talvez possa pensar: ué, se você fala de autonomia para o seu corpo como pode crer em algo "que não exista"? Respondo a gentileza didática: segundo o psicólogo Carl Jung, o espírito é algo criado pela própria matéria, isso em terms básicos, tá? O mesmo busca explicar que quem alimenta o seu próprio espírito é a própria mente com o suporte de sua psique.
Portanto para Jung tanto a perspectiva materialista, que basicamente só tem como referência aquilo que só existiu, que foi possível visivelmente ser registrado pela história da humanidade, quanto a visão espiritualista, ambas são reais. Uma pela via da matéria e a outra da espiritualidade.
Em meu livro "Anarquia e Espiritualidade: uma mensagem na garrafa, expus um pouco do quanto estas duas leituras de mundo podem se dialogar, a título de potencializar aquele corpo que luta antes de mais nada, para resolver as suas neuroses, os seus medos, as suas ansiedades, para depois poder lutar para a transformação da sociedade em algo mais humanitário.
Como, por ora, vejo pouco disso entre alguns discursos anarquistas, venho com toda honestidade que me cabe, trazer este fator que considero muito relevante para a existência humana. A razão pode ser traída pelo ego e te levar para uma arapuca mundana. Uma mensagem, que foge da razão, que toca o coração, chamada de intuição, aponta sem mais sem menos uma situação que até então o seu corpo estava "com ideia fixa" e que com essa flecha intuitiva, estimulou que você posteriormente à flechada, ponderasse o que outrora a sua consciência ainda não conseguia ilustrar.
Nunca, em nenhuma de minhas conexões com esse vasto cosmos, me senti acuado diante das sofisticadas obras anarquistas. Pelo contrário, sentia-me mais ainda estimulado, com a alma revigorada, alma esta, que ainda é pouco compreendida pela sociedade.
A foice que corta a estrutura capitalista será feita por nossas mãos.
E "fechar o corpo" energeticamente creio ser agregador para esta luta insana da nossa sociedade.
Em minha morada, Bakunin senta na mesma mesa que Jung, Preto-Velho e qualquer outra força existencial que rema a favor da liberdade geral.
Saudações libertárias!
Gabriel Ribeiro
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