Sem medo da morte, anarquistas, que se a tirania a quiser, o nosso espírito é livre e eterno

Um amante da liberdade diria que a verdadeira prisão está na mente, no medo imposto pela sociedade. A verdadeira liberdade vem de um espírito livre, alimentado pela busca pela dignidade.

Gabriel Ribeiro

9/9/20244 min read

Se um corpo humano nesse exato momento diante desse contexto social pelo qual a nossa humanidade está passando, o que esse "alguém" diria para um curioso de algum outro lugar? No caso, sendo um corpo amante da liberdade - mesmo inserido numa sociedade autoritária - ele provavelmente falaria para este outro ser-diferente que os aprisionamentos estão para além do sistema carcerário, da jornada excessiva de trabalho, das câmeras de vigilância, etc., sabendo que tais prisões, evidentemente são formas de cerceamento das liberdades de um indivíduo. O ser-curioso indaga ao corpo-libertário que viu uma nave espacial numa esquina do espaço pela qual se dizia "viva a liberdade!" e quis entender melhor o porque da vida material estar repleta de aprisionamentos. Ambos começaram a forjar uma conversa bastante instigante e alquímica. Consultaram um morador em situação de rua que certa vez ficou detido atrás das grades por estar recitando versos de poesia numa praça pública. O mesmo joga no ar desse ambiente público palavras que faziam os transeuntes refletirem sobre muitos aspectos da vida. Os agentes armados do Estado que ali estavam "protegendo" sei lá o quê, prenderam o morador em situação de rua alegando que o mesmo estivera provocando distrações para aqueles que iam e voltavam de seu trabalho. Uma segunda alegação continha um argumento um tanto estranho: rapaz, essas suas explanações também estão fazendo algumas pessoas desviarem o caminho para a cidade do consumo. Não se sabe a continuação dessa história. Os papéis da polícia são com letras ilegíveis. Não se cabe um motivo convicente e muitos acabam deixando por isso mesmo. O ser-curioso logo percebeu uma hipocrisia social e no discruso contido na nave espacial.

O corpo-libertário passava por muitas dificuldades no sentido da alimentação, muito embora o mesmo se sentia bastante próspero e abundante. O ser-curioso que se alimenta de perguntas, exerceu mais uma: e como você consegue ainda se manter firme e disposto a caminhar por essa jornada que vocês chamam de "vida-terrena". O corpo-libertário buscou responder-lhe com tamanha assertividade: veja amigo-diferente, estamos numa sociedade completamente materialista, em sentido amplo, tanto dos bens de consumo quanto na esfera cartesiana-política (no sentido geral da coisa) e esse pessoal não se dá conta do quão aspectos espirituais estão presentes em tudo aquilo que os materialistas se referem. E uma coisa criada pela psique humana é a ordem vigente, a lei dos homens. E o principal elemento dessa suposta "ordem" é o medo, que visa rasgar todos os neurônios cerebrais e corporais, para evitar que o mesmo possa agir de acordo com a sua natureza social, sem ter que fazer algo obrigatoriamente. O corpo-libertário ainda fala sobre a sua noção de espiritualidade, e inicia sua explicação afirmando que todo espírito é fruto das ideias e dos pensamentos que o ser humano criou através de seu psíquico, que contém alma, espírito, a consciência, o inconsciente e muitos outros aspectos ainda poucos conhecidos pela humanidade. O fato que para este corpo-libertário é de suma relevância deixar para o ser-curioso é como a tirania conseguiu com seu exército (material e espiritual) impor uma cultura do apego pela matéria. Se há este "apego", logo se cria o medo, que se torna um espírito, onde boa parcela da sociedade a cultiva em sua mente. Para que muitos comecem a viver uma vida mais "confortável", escolhem viver no modo automático, a reproduzir aquilo que lhe foi imposto.

O ser-curioso pede com gentileza a palavra e começa falando que segundo o que ele compreendeu da breve explicação realizada pelo corpo-libertário, é que a grande estratégia e objetivo dos egoístas, é fazer com que boa parte da sociedade viva com o espírito do medo azucrinando em sua psique, sobretudo para aqueles que absorveram vontades em transformar as obscuridades sociais em dignidade para todos. O ser-curioso relatou para o seu novo companheiro de jornada, que tinha visto certa vez no espaço um espírito de Max Stiner no qual no exato momento sentia uma emoção bem otimista da vida espiritual. O ser-curioso com seu faro, permitiu-se a sentir para além da razão, as vibrações de Stiner, pelo qual o mesmo sugeria que quando um espírito se torna livre, ele consequentemente se desprende da matéria de seu corpo e passa a ser eterno. O corpo-libertário arregalou o olho com um espanto-maravilhoso, associando esse relato do ser-curioso da seguinte forma: talvez o que esse espírito de Stiner esteja querendo dizer com seus rastros é que se toda ideia e pensamento são frutos de um espírito que o precede, logo essa força espiritual se torna eterna pois o que alimenta ela são as energias intensas (as conscientes) e as repoduzidas pelo insconciente coletivo (naquilo que Jung dizia que eram coisas "mal resolvidas" pela humanidade). Ainda no psicólogo Jung, o mesmo compreender uma faceta do psíquico humano que o que alimenta o espírito é a mente do indivíduo.

O egoísmo foi sendo forjado com muitas manipulações e escolhas deliberadas, por vontades políticas, a título de fornecer para alguns os seus mais obtusos interesses em detrimento da dignidade alheia. A tirania é resultado disso. Ela percebeu que um discurso pudesse invadir o imaginário do ser para que o mesmo sentisse medo em querer mudar algo estabelecido pela "ordem vigente".

A coragem é um estado de espírito que não acontece "do nada" mas ela também não se dá pela razão somente. Um materialista cujo seu espírito se torne livre, ainda continua vivendo nesse plano mundano. O mesmo influenciado por todas as vibrações-conhecimentos, pavimenta um espírito robusto para si. Sua morada no plano espiritual começa a ser alimentada com pensamentos que estão conectados com a sua natureza social. O corpo-humano-material é efêmero, um dia se deteriora pela força mortal do tempo de sua células e moléculas. O espírito ela continua de alguma forma. Como uma ideia, uma causa, assim como sugere Max Stiner em O Único e a sua Propriedade, complementando o tamanho legado deixado pelos ancestrais "trabalhadores". E podemos, talvez, pensar essa noção de ancestralidade por todos aqueles que encantaram, seja através de uma livro de Mikhail Bakunin, como na capoeira de Mestre Pastinha, em saberes sofisticados dos povos indígenas, etc., e que ainda influenciam muito de nossos pensamentos, reflexões, contribuindo assim para que façamos as melhores escolhas ou torná-las mais assertivas de acordo com aquilo que o nosso espírito se alimenta. O meu,(risos), se alimenta de liberdade!

Saudações libertárias e espirituais!

Gabriel Ribeiro
À Margem